Muito sobre a relação entre a Educação Infantil e a Aquisição da Língua Inglesa. Há uma corrente muito forte de pessoas e profissionais que acham ser prejudicial expor uma criança na idade da Educação Infantil a uma segunda língua. Muitos dizem que isso pode influenciar negativamente no processo de aprendizagem da língua materna.

Em contrapartida, há uma outra linha de pensamento defendendo que não há impacto negativo nas crianças que são expostas a duas línguas simultaneamente. Uma vez que o processo de aquisição da fala se dá por aspectos internos e externos, uma criança é totalmente capaz de aprender duas línguas ao mesmo tempo. Inclusive, segundo eles, é a melhor idade para aprender.

Através da linguagem, a socialização da criança acontece de forma valiosa pois ela tem acesso a crenças, valores e regras da cultura a qual pertence ou que têm contato. Sendo assim, podemos dizer que quanto mais cedo uma criança tiver contato com uma língua que não seja a aprendida inicialmente com a mãe e familiares, melhor pode ser o desenvolvimento dela na aquisição da segunda língua, como proposto no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI):

“Quanto menores forem as crianças, mais suas representações e noções sobre o mundo estão associadas diretamente aos objetivos concretos da realidade conhecida, observada, sentida e vivenciada. O crescente domínio e uso da linguagem, assim como a capacidade de interação, possibilitam, todavia, que seu contato com o mundo se amplie, sendo cada vez mais mediado por representações e por significados construídos culturalmente.” (RCNEI – BRASIL, 1998, p.169).

De acordo com este documento, a criança deve ser exposta à segunda língua o mais cedo possível para que tão logo se dê o processo de aquisição por meio da vivência das mais variadas experiências cotidianas, experiências essas que promovem novos e constantes relacionamentos.

Quanto mais contato com a segunda língua, maior será o domínio que a criança terá sobre a linguagem. Mais amplas serão as suas capacidades de interações, isso fará com que ela expanda o seu contato com o ambiente em que vive e com o mundo. Isso vale também para outras idades, inclusive, se quiserem aprender inglês sozinhos.

Para Vygotsky (1934/1987) “o aprendizado é uma das principais fontes de conceito da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que direciona o seu desenvolvimento, determinando o destino de todo o seu desenvolvimento mental… (:107).’’

Pouco a pouco, as interações com o grupo social e os objetos culturais passam a regrar o comportamento e o desenvolvimento do pensamento da criança. Ou seja, o desenvolvimento da mente da criança está sempre condicionado ao outro (pessoas do grupo social) que atribui significados à realidade. Assim a criança vai, aos poucos, se apropriando dos modos de funcionamento psicológico, do comportamento e da cultura do meio em que vive.

No que tange a aquisição da língua inglesa, podemos observar que, ao proporcionar o contato da criança com uma segunda língua, estamos contribuindo para o seu desenvolvimento mental pois ela se valerá do seu aprendizado da língua materna para estabelecer conexões com a segunda língua e também reconhecer as diferenças e isso fará com que ela desenvolva as duas línguas simultaneamente, uma contribuindo para o aperfeiçoamento da outra.

Stephen Krashen (1983) propôs uma distinção entre aprendizado e aquisição levando em consideração a personalidade e o comportamento do aluno devido a diferença na abordagem e nos resultados a curto e longo prazo.

O autor acredita que a criança desenvolve habilidades funcionais a partir de situações reais e concretas e de forma intuitiva por meio de uma assimilação natural, por isso sustenta a predominância de aquisição sobre aprendizado – estudo formal e técnico da língua – no desenvolvimento da proficiência em línguas.

Logo, podemos constatar como o método natural (natural approach) proposto por Krashen se mostra eficaz no ensino da língua inglesa na infância e contribui para melhores resultados na aquisição da segunda língua, uma vez que a criança está em processo de desenvolvimento e amadurecimento.

Nessa fase da vida, a criança tem como características a vontade de aprender, de conhecer coisas novas, estão ávidas por respostas para suas perguntas e isso gera uma grande capacidade de assimilação, esses são elementos determinantes para obtenção de resultados positivos no ensino de uma língua estrangeira.

Dessa forma, o processo de aprendizado se dará por meio de atividades lúdicas que podem integrar tanto o ambiente escolar quanto o ambiente familiar da criança, ampliando as chances de obtenção de resultados positivos.

Para contribuir com toda essa pré-disposição a aprender coisas novas que a idade fornece, podemos utilizar, de forma natural, recursos que facilitarão e tornarão mais divertida a aquisição da segunda língua, rechaçando a ideia de ensino formal e técnico.

Nota: Esse texto foi escrito em parceria com Abner Silvestre, professor de Língua Inglesa, e contém fragmentos textuais de seu TCC.